terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Lentes Coloridas


Sei dessa historia que se espalhou, mas se esperar a respiração terminar seu caminho, verá que a dúvida ainda permanece. Nos olhos só se encontram dúvidas.O desejo de reposta é que modela a pergunta. Não há resposta nos meus olhos, não há declaração ou cumplicidade, se olhar dentro de mim saiba que  cometeu um roubo, não vou sentir nem falta nem vou começar a te obedecer pela extorsão, você não roubou nenhuma verdade,  você roubou minha liberdade de poder olhar para o chão. Eu confio no menino que disse que olhar nos olhos não era intimidade, acreditei tanto que quase repeti  no mesmo instante, intimidade é olhar na mesma direção. Isso as histórias também já disseram, mas  só se costuma dar atenção ao que se passa na TV. Eu parei de ver TV depois desse menino, por que me espantei como ele sabia buscar suas repostas. Como fui desvendado! E com o mesmo silêncio que me desvendou, quase o mesmo silêncio, me espantei quando nos vi estranhos. A falta de tempo nos tornou estranhos, o tempo nos separou, o tempo não sobrou para olhar nos olhos e viramos estranhos. Agonia é ter os olhos procurados por um estranho.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Prosas de Menino

No que penso, o sexo se torna bom, diria útil, quando se torna uma forma de carinho, quando não há mais a necessidade de climas pornográficos, de atuações inevitáveis pelo desconcerto de ser o sexo um segundo encontro e assim haver necessidade de um personagem, de um charme excitante. Não acho que isso seja falso, mas vejo como nos  sentimos patéticos ao final de uma tranza. Por que é difícil ser bom ator e mais difícil é contracenar por que na primeira vez, não importa o tempo que nos conhecemos, somos desconhecidos, faz parte do fetiche  mas não preenche nenhum vazio. E vezes raras desconhecidos atuam como se fosse o mesmo filme que se passasse nas duas cabeças, raridade de espanto, tanto que é comum a impressão se arrastar pelo tempo, também não julgo falsa, mas soa como areia que se arrasta pelas dunas e com ela nossa falta.
O sexo sempre em preocupação de tempo, se transforma quando usa do tempo e se desliga das preocupações, quando o tempo que nos aflinge por desanimar tudo que nos parece caro, desanima nossas atuações, quando chega a fadiga de ter que distanciar duas ou três personalidades e juntamos tudo pra fazermos como um só. A mesma pessoa que cozinha ou chega cansado do trabalho, a mesma voz que grita ou pede desculpas, pra os mesmo sussurros, agora tão reais,os mesmos pedidos de desculpas em beijos, ou em sorrisos despreocupados , em banhos  ou lençóis, em completo silêncio pra se  olhar, ou em gritos pra se esconder de seu amigo, corpos achados e enfim almas, acredito que sejam, espero que sejam. Engraçado como o monótono que várias vezes me perturbou me fez enxergar o novo florescer, o monótono corroeu minha paredes e minhas defesas e derrotou um fardo e se desatou sem juízo. E se nossa existência inquietante e descontente deflorará esse novo laço, não sei, mesmo já tento sido cúmplice de tantas mortes, não sei, preciso não saber.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Sonho Recorrente

Já sonhei com esse prédio
Já sonhei que visitava amigos 
com quem pouco falava
já sonhei com essa cidade
Já sonhei com essas calçadas
com a vista rala do mar
onde a luz se encandeava
Já sonhei com esse hotel
mas que nunca me hospedara
Já sonhei que ouvia risada
Procurava, para ver se fosse
Não era, continuavam com as falas
Já sonhei que tinha praia
Não via a areia
Mas sabia que existia
Isso me bastava
Já sonhei com este cigarro
Já sonhei que era calmo
Mas o cigarro não acabava
Já sonhei que contentava
O cigarro não acabava
Já sonhei com essa falta
O cigarro não acabava

domingo, 22 de maio de 2011

Sem Espanto

E eu me perguntava quem era aquele cargo, qual seria sua cadeira, tentava pela roupa que vestiam, pelos lápis que usavam mas ainda poderia ser os óculos. Eu não sabia, eu estava perdendo no meu jogo de julgar. Condenado e viciado. Sentenças das letras daquela que queria se cuidar mais. Nas grades o alvoroço e os trocados e eu no espanto daquelas palavras, das marcas no corpo e do jeito que mexia o cabelo.  

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Sem Rimas

Não há mais vento em fortaleza
Nem sorriso pra adorar
Não há mais sal no meu cabelo
Nem boca pra dessalgar
Não há mais sombra de Coqueiro            
Nem canga pra estender
Não há mais colo pra se deitar

Não há mais mar pra  se perder
Nem areia molhada pra brincar
Não há mais foto que tenha cor
Nem corpo pra bronzear
Não há mais silêncio pra dizer amor
Não há mais lua pra se amar














Mesmo que ainda fosse uma praia,
Eu não me entenderia.

sábado, 14 de maio de 2011

Sem Após

-Eu na verdade não o conhecí...
-Disse "é" cedo de mais
-Depois disso não conhece mais nada


sexta-feira, 13 de maio de 2011

Sem Massa ou Culpa

Do que somos nós a massa?
Modulares
De migrantes esperanças
Vazio que acomoda as cadeiras
De nossos templos
Vagalumes em noites de deserto
Indecisos
Aflorados sinais de estações
De nós
Que rogamos sob ruídos
Algum silêncio a nossas ações
Para exibirmos o nosso ante
Até voltar a nos repetir
Até a culpa cair sobre a terra
E nós cairmos sobre os braços
De nós
Que fomos nossas mães

domingo, 8 de maio de 2011

Sem Passagem

Esse set me fez sentir tão bem. É como aquela sensação que se tem quando se acha coisas antigas , os rabiscos nos cabeçalhos dos cadernos, aquilo que você era e pra quem você não precisa se justificar. Essa certeza do que você é, e o que você é não tem nenhuma coerência, a certeza aqui é o verbo, que não sai pra procurar nada mas a que tudo acontece.




Um convite ao vazio dos nossos nomes e ao medo coletivo do infinito - De possibilidades.


Bruno Marques - In Progress Março 2011 by djbrunomarques

sábado, 7 de maio de 2011

Sem Fronteiras

Até onde a voz chega?
Até onde a palavra significa?
Até onde a sensação pode ser descrita?
Não tão longe onde o som alcança
Ou onde a consciência o perturba
Onde a condição o disputa
Onde o dado se penumbra
Não sai nem um acorde de mim
O que sai já não é mais
A resolução o mutila
Decompõe quem concerne
Não segue o que rege
Pode ser que chegue
Nem precisa
Mais que seja
Chegue
Só chegue!
Cale o texto
Sinta sem fronteiras